Pesquisa sobre Haitianos no Brasil é desenvolvida no IFC Videira

Escrito por rosana.oliveira. 30 de setembro de 2016, às 13:45

A chegada de imigrantes provenientes do Haiti em Videira, chamou a atenção das professoras Solange Francieli Vieira (orientadora) e Cristiane Aparecida Fontana Grumm (co-orientadora), ambas docentes do IFC Videira e resultou, primeiramente, no projeto de pesquisa “Imigrantes haitianos na cidade de Videira-SC: inserção cultural, social e econômica“, realizado no período de 01/07/2014 a 30/06/2015, com a colaboração do bolsista Guilherme Vanz dos Santos.

Percebendo a importância e buscando aprofundar seus conhecimentos sobre essa temática, a professora Solange desenvolve desde julho de 2015, a pesquisa “Análise e Levantamento do Processo Migratório dos Haitianos para o Brasil no período de 2010 a 2015“, realizada no IFC Videira, com a colaboração da aluna Andressa Sartor, bolsista do projeto.

A pesquisa objetivou analisar a inserção social, cultural e econômica dos haitianos na cidade de Videira-SC e foi possível constatar que o principal motivo da imigração foi a busca por um futuro melhor, longe dos diversos problemas que assolam o Haiti. Na cidade de Videira, de acordo com dados coletados nas entrevistas da primeira pesquisa, os imigrantes haitianos começaram a chegar no ano de 2013, procurando principalmente por emprego, educação e melhores condições de vida do que as oferecidas em seu país natal. Grande parte dos imigrantes conseguiu emprego em duas das principais empresas Videirenses. Afirmaram que a maior dificuldade para entrar no Brasil não foi o processo burocrático nem conseguir os meios de transporte para a vinda, mas sim, o custo da viagem.

Quanto à inserção cultural e social, os haitianos não encontram nenhum problema, alguns afirmam que a cultura de onde vieram não possui diferenças drásticas com os valores culturais da região. Todos frequentam algum tipo de espaço religioso. As organizações religiosas no Brasil não apenas são espaços de inserção social como também de apoio e acolhimento dos haitianos, fornecendo auxílio e até hospedagem aos imigrantes. Em seus horários livres permanecem em casa ou frequentam os espaços sociais como: praças, igrejas e shopping. Afirmam ainda que os melhores lugares para manter um contato social são os espaços religiosos e o ambiente de trabalho.

A segunda pesquisa levantou os dados relativos à inserção dos haitianos no Brasil, no período de 2010 a 2015. Constatou-se que a história do Haiti explica muito da situação atual que vive a nação, o país passou um longo período sendo governado pelo regime da ditadura, com uma única família no governo. Soma-se a isso os sucessivos desastres naturais que abalaram ainda mais a sua economia, sendo o terremoto de 2010 o principal responsável pela diáspora haitiana. Esse acontecimento deixou milhares de mortos e desabrigados, levou a economia do país ruínas, além de facilitar a disseminação de doenças, como a cólera. Esses imigrantes veem o Brasil com bons olhos, devido a oferta de emprego decorrente da Copa do Mundo (2014), as Olimpíadas (2016) e do crescimento econômico que o país apresentou nos últimos anos. Eles são importantes para o desenvolvimento do Brasil, uma vez que atendem a necessidade por mão de obra, atuando como costureiras, empregadas domésticas, operários da construção civil, funções que faltam brasileiros atualmente. Percebeu-se em parte da população do país, muito preconceito em relação aos haitianos devido a questão racial e a ideia de que eles ocupariam os empregos dos brasileiros. Além disso, os imigrantes também sofrem bastante com a viagem até o Brasil, e depois que chegam se deparam com a burocracia do processo de migração. Em relação à sua inserção no país, os haitianos se relacionam mais com seus compatriotas devido à dificuldade do idioma, pois a maioria desses imigrantes não terem fluência na língua portuguesa.

Segundo a professora Solange Francieli Vieira, “a pesquisa completa os objetivos propostos, é um tema extremamente interessante, não somente pela discussão e compreensão geográfica e histórica do assunto, mas especialmente, por entender como esse complexo processo migratório se desenvolve e como essas pessoas se sentem nesse novo espaço geográfico”. Apesar das dificuldades com custos e perigos da viagem migratória, o pouco domínio da língua portuguesa, a diferença climática e a distância do país natal e de entes queridos, eles estão dispostos a enfrentar os desafios para conseguir melhorar suas condições de vida.

 

Fonte: professora Solange Vieira

Imagem: divulgação jornal A Coluna